sábado, 31 de dezembro de 2011

Tomou banho no terceiro dia. Penteou os cabelos e deu um jeito na barba. Juntou o rosto ao espelho tentando ver alguma coisa sabe-se lá o que. Talvez um rastro de sorriso, de vontade. Não tinha nada não, nem cheiro. Estava querendo mudar a aparência, o coração, tirar de cima umas vontades antigas, alguns sonhos passados. Tinha perdido aquela vontade adolescente de sofrer toda semana por um amor. Chorou três dias e levantou em duas noites. Trocou as roupas, os modos, os encontros.

Decidiu parar de pensar. Construiu uma casa perto do parque uns dois anos mais tarde, mas não encontrou nenhuma menina que ficasse por mais de uma semana. Tropeçou em alguns degraus e desabou em algumas flores. Vez e outra, via-se um traço de vontade. Tentou largar os cigarros algumas vezes, mas desistiu antes do sol nascer. Esbarrou em alguns romances entre ele e a moça do caixa da padaria. Tentou escrever um livro algumas vezes, mas desistiu antes do primeiro baque. Deixou de acreditar naquela coisa de amor. Deixou de acreditar no que sentia.

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