terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Eu sempre quis escrever uma carta para você, dessas que contam como foram os últimos dois meses em poucas linhas e fazem perguntas de quem parece que não se conhece. Sem gotas de café derramadas nas beiradas e perfume no envelope. Mas isso não combinaria com a gente e com a nossa mania de fazer as coisas erradas parecem certas o suficiente para durarem uma vida inteira. A minha camisa suja tem que fazer par com o seu tênis velho e a nossa carta tem que ser, particularmente, mal feita.

Fazem alguns anos que eu não te vejo. Me distraio todos os dias em algum lugar entre essa esquina e outra, desde que a gente prometeu não se perder mais. Um dia eu escrevi, no seu caderno de desenhos, um poema que balançava nas linhas, de um jeito tão corrido, com medo do tempo, com medo de você acordar. Te deixei sozinha, com um punhado de promessas esmagadas na mão e um coração apertado querendo me amar. Mas nunca cresci longe de você e, na verdade, eu ando meio perdido. Eu ando meio tropeçando desde que a gente se perdeu.

Talvez essa carta chegue até você, talvez o carteiro não entenda os meus garranchos. Talvez eu não me importe se você vai realmente ler o que eu tenho para te dizer. Eu só preciso tirar isso do peito, sabe, dos armários, eu ando cheio demais.

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