quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Suicide girl

Os segundo se congelaram para me fazer raiva, o tempo não passou desde que eu te deixei. O ar ficou pesado demais pra respirar, um certo perfume que eu deixei pra trás. Existem lembranças tuas em cada parte da minha casa, perdidas entre minhas roupas, misturadas junto aqueles papéis perdidos. Existe você em tudo que eu toco, em tudo que eu sinto. Tentar fugir nunca me fez te esquecer, nem me deixou menos vulnerável. Tu tomou conta da minha vida, vai ser difícil ir embora assim.
O suor de dois corpos transformando a atração em sexo. Não existe amor. Você está sozinho, você está sozinho.
Os olhos secos não encontram forças para chorar. A garganta sangra sem precisar gritar. Um corpo entorpecido por uma garota.

"Ela não pertence a ninguém. Nunca será sua."

Na verdade, eu sinto sua falta

Quando eu fui embora, nunca me senti tão sozinha. Nem o choro de mim saia, pra me fazer companhia do lado de fora. Nada. Nem uma palavra, nem um toque, nem um cheiro. Não, não é como se eu te amasse, é como se agora eu nao tivesse mais ninguém. Não gosto quando a noite chega, junto com ela vem a solidão, vem o arrepio de medo, o silêncio me agride, a vontade de voltar reaparece. Mas eu não volto. Somente por não poder te dar tudo que você merece, por não poder te amar tanto quanto você me ama.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Candy

Ele era atraente,
e um bom criminoso.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Sinto saudade assim que ele vai embora. Quando ele não está comigo, eu acho que o inventei.

domingo, 26 de setembro de 2010

Dom Casmurro

- Você?
- Eu mesmo.
- Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.
- Se embaraçar, você desembaraça depois.
- Vamos ver.
Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tacto aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa... Uma ninfa!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Anônimo

Somos duas contradições, voce a esquerda, eu a direita. Dois pontos correndo um contra o outro, procurando o choque, respirando aquelas luzes, sem se importar com a explosão. Era uma bagunça, você adorava se machucar, e eu curtia ser egoísta. E um dia, qualquer um desses, nos encontraremos para brindar o ano novo. E vamos ficar, como ficamos naquele dia, em que o barulho do estrondo acabou com tudo. Ou quase.

Johnny Rotten (1996)

"Toda vez que alguém diz que alguma coisa é sagrada e não deve ser tocada, eu quero tocá-la."

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

In the night...

Seu corpo magro andando em sua direção, "oh, eles são imortais" era só no que ele conseguia pensar. Ela o abraçou, sentou em seu colo, colocando-o entre os lábios, "você tem um isqueiro"? Sacudiu os lençóis, procurando por fogo, "não, eu acho que não tenho". Silêncio. Os dois sabiam o que estava acontecendo. "Onde você estava? Que porra você andou fazendo"? Ela o abraçou de novo, encostou os lábios rachados em seu peito nú, o cigarro pendendo em seus dedos, quase caindo. "Eu precisei de você também", ela disse entre os dentes. "E eu te procurei em toda a parte", as lágrimas se misturando às garrafas. "Eu tive medo", ela lamentou, mas ele sabia, como sempre soube. Passou a mão por sua perna, contemplando cada detalhe e como seus machucados e ossos finos a deixavam mais magra. Encontrou uma de suas mãos por aqueles cabelos, tão conhecidos que perdiam a cor e percebeu a sua outra, fechada em punho, com dedos pouco amarelados em comparação aos dele, cabendo perfeitamente naqueles nós. Dedos que pertenciam à ela. Se levantou, colocando aquelas pernas de lado, perdidas entre o choque da cama. "Você não acredita em amor", pisou entre os colchões e roupas sujas, vestindo uma camisa qualquer, acendendo um cigarro e tentando ocupar as mãos. "E eu... eu te amei". Foi embora, deixando para trás suas anotações, seu lápis e o rascunho dessa história. E nunca mais voltou. Talvez ela tenha aprendido a amar.

Changes

Esse novos hábitos não parecem tão novos em você. Essas palavras antigas, teimam em parecer novas, mas não são saem da tua boca. Teu olho verde, ou nem tanto, como eu costumava dizer, não enxerga a unica coisa que deveria ver. Parece que agora eu estou na tua frente, mas não ao teu lado, como deveria ser.

I miss you

Tu me tira o sono. Durmo descoberta, teu corpo no meu parece quente. Tu girou minha vida na direção dos teus desejos, mesmo que eu nunca houvesse pensado em ti antes, nem sonhado contigo sentada na minha cama. Esquece os cafés, os cigarros e a minha insônia, é você que me deixa acordada a noite toda. Eu acho que comecei a pegar fogo desde que te encontrei. Boa noite.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

III

(...) Eu parado na porta às quatro da manhã. Você indo embora. Eu me perdendo então desamparado entre cinzeiros cheios e garrafas vazias. Você indo embora. Eu indeciso entre beber um pouco mais ou procurar uma beata em plena devastação ou lavar copos bater sofás guardar discos mastigar algum verso adoçando o inevitável amargo despertar para depois deitar partir morrer sonhar quem sabe. Você indo embora. Acordar na manhã seguinte com gosto de corrimão de escada na boca: mais frustração que ressaca, desgosto generalizado que aspirina alguma cura. Tocaria o telefone? Você indo embora, fotograma repetido. Na montagem, intercalar. Você indo embora você indo embora.

I need you II

"Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativas. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada."

I need you

"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."

domingo, 12 de setembro de 2010

The real life

Foi como quando nos dois viajamos pro litoral, e quando nós bebemos até começar a tropeçar e foi do mesmo jeito que esbarramos um no outro, andando enquanto o chão começava a tremer. Foi exatamente igual quando você me levou pra conhecer aquela montanha e ficamos ouvindo as minhas músicas até o amanhecer, enquanto você me olhava discretamente e reclamava do meu mal gosto. E, sabe, quando você jogou água em mim... você pode tirar a blusa se quiser, foi o que você me disse. E eu tirei. Você também tirou. E ficamos os dois perdidos, enquanto o chão começava a sumir. E ficamos os dois tocando, querendo entir mais do que era possível sentir. E foi do mesmo jeito que o tempo passou, que um dia eu acordei e não te vi mais. Foi como quando nós brigamos por nada, exatamente a quando choramos até ficar claro que tudo isso ia acabar. Foi quando você deixou de me acordar todos os dias e deixou de dizer que me ama, só de me olhar. E, sabe, quando você enxugou uma lágrima minha... nós vamos dar um jeito, você disse. Mas não deu. Eu também não. E ficamos os dois perdidos, enquanto o chão começava a sumir.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

That's what freaks me out

Tu me tira o sono. Durmo descoberta, teu corpo no meu parece quente. Tu girou a minha vida na direção dos teus desejos, mesmo que eu nunca houvesse pensado em ti antes, nem sonhado contigo sentada na minha cama. Esquece os cafés, os cigarros e a minha insonia, é você que me deixa acordada a noite toda, com esses pensamentos enrolados, todos embaraçados, loucos para sair. Eu acho que comecei a pegar fogo desde que te encontrei. Boa noite.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Hoje de noite deixa a porta aberta

Eu gosto do escuro, é, eu gosto mesmo do escuro.
Ontem eu conheci uma guria, ela tinha o seu nome.

O teu cheiro, a tua voz.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mudança de hábitos

Ele cheirava a terra e limão, a camisa xadrez suja de café, o hálito de menta com cigarros. Deitado no meu colo, olhando o céu azul, esfregando as costas na grama alta. Eu quase entendia o que ele queria me dizer, me fazendo concordar com seus reflexos. Me apaixono todo dia, ele disse, e é sempre pela pessoa errada. Eu sorri e disse "Eu gosto de você também."