sexta-feira, 17 de setembro de 2010
In the night...
Seu corpo magro andando em sua direção, "oh, eles são imortais" era só no que ele conseguia pensar. Ela o abraçou, sentou em seu colo, colocando-o entre os lábios, "você tem um isqueiro"? Sacudiu os lençóis, procurando por fogo, "não, eu acho que não tenho". Silêncio. Os dois sabiam o que estava acontecendo. "Onde você estava? Que porra você andou fazendo"? Ela o abraçou de novo, encostou os lábios rachados em seu peito nú, o cigarro pendendo em seus dedos, quase caindo. "Eu precisei de você também", ela disse entre os dentes. "E eu te procurei em toda a parte", as lágrimas se misturando às garrafas. "Eu tive medo", ela lamentou, mas ele sabia, como sempre soube. Passou a mão por sua perna, contemplando cada detalhe e como seus machucados e ossos finos a deixavam mais magra. Encontrou uma de suas mãos por aqueles cabelos, tão conhecidos que perdiam a cor e percebeu a sua outra, fechada em punho, com dedos pouco amarelados em comparação aos dele, cabendo perfeitamente naqueles nós. Dedos que pertenciam à ela. Se levantou, colocando aquelas pernas de lado, perdidas entre o choque da cama. "Você não acredita em amor", pisou entre os colchões e roupas sujas, vestindo uma camisa qualquer, acendendo um cigarro e tentando ocupar as mãos. "E eu... eu te amei". Foi embora, deixando para trás suas anotações, seu lápis e o rascunho dessa história. E nunca mais voltou. Talvez ela tenha aprendido a amar.
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