domingo, 21 de agosto de 2011

Esse texto não mereceu um título

Eu só quero um segundo antes de dar adeus. E que me lembre do céu desbotado, da explosão da cidade emudecida, da estática do encontro de mãos tão... repentina. Eu te dizia "calma, guria, longe tudo passa, tudo cicatriza, todas as estrelas parecem perfeitas lá em cima". E o tempo que se esgota, vai nos arrastando, procurando qualquer tipo de saída. Eu aceito qualquer cigarro, qualquer bebida que faça tudo andar mais devagar, fazendo tudo parecer mais bonito. Porque o som do arrepio é feito eletricidade. Não existirá escuro quando você passar. Daqui a 20 anos ainda vou lembrar do seu nome e de todas as vezes que você olhou para mim no meio da madrugada. O que acontecerá daqui pra frente é consequência do que aconteceu ali atrás. Ficaremos bem, meu amor, isso só ensina a se proteger. Não há mal algum na saudade e no desespero. Não há mal algum no amor. Agora só é diferente, mas nada disso é tão ruim assim. É como acordar um dia, tomar café da manhã, comprar uma roupa nova e esquecer de hábitos antigos. Esquecer que acordar era sentir seu corpo no meu. Tomar café da manhã era as 15:00 horas. Comprar roupas novas era vestir você. Parece triste falando assim, mas há espaço para viver ainda. Temos corações mais maduros agora, que mudam com as estações, podem se tornar mais frios, mas quando chega o verão, se enche de vontade. Ou talvez só precise de um porre. O amor é uma coisa louca e dissimulada. Te leva embora a razão e alguns pedaços da alma. Te promete que tudo ficará bem. O amor nos derruba. Eu quero mais "apesares", ou talvez eu queira inventar um texto para dizer que é fácil se levantar quando os joelhos já estão ralados de tanto tropeçar. Eu quero inventar que apesar do choro na garganta e dos dias que passam devagar demais, ainda há uma chance. Eu quero inventar que esqueci que acreditei que você acreditou e eu disse "calma, guria, tudo passa, daqui a alguns dias vou estar aí". De noite, eu quero acreditar que tudo acabou, eu quero procurar uma carta a mais, eu quero um pouco do perfume que sobrou e você nunca mais usou com medo de me respirar. (A partir desse momento um ano se passou). Uma nova vida sorriu para mim e a aceitei. Eu me levantei e mesmo com mãos sangrando e cicatrizes expostas me arrisquei a sofrer tudo de novo. E ainda penso "mas o que é o amor senão um monte de machucados?" Eu me deixo sofrer para amar mais um pouquinho. A vida agora parece um pouco mais bela e um pouco mais sádica, ainda assim morro de saudades de você. Vezenquando te mando uns sinais, umas lágrimas simpáticas de quem diz "oi, me conta um pouquinho da sua vida?", outras sento e choro mesmo. De tristeza de ver um amor indo embora. Eu só preciso de um segundo para dizer adeus. Mas como seria bom se esse segundo durasse para sempre.

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