sábado, 27 de agosto de 2011
Estrelas de Saigon
O avesso da camisa tem cheiro de noite passada. Tem gosto de diversão. Tem gosto de proibido. E se eu te chamo você pula comigo, não é? Carnaval. E as estrelas de Saigon, meu Deus, eu achei que nunca poderia encontrá-las, mas as vi bem ao seu lado. Gosto forte na boca, feito cachaça, feito beijo não dado. Tento voltar pra casa e são três e meia da manhã, mas ninguém me diz em que esquina eu te deixei. Não escuto nem a chuva nem o vento, nem qualquer dose que me faça virar do avesso, que me mostre o quanto é eletrizante perceber que o avesso é meu lado certo. E que viver é tão bonito quando posso te ver. Nem ligo de sujar tênis e molhar roupas, quero iluminar nossa cama feita de semáforos e carros barulhentos. Fica tão gostoso fumar você, sentir você, qualquer coisa com você, que me esqueço que existem horas e que já passam das cinco e minha última carona acabou de sair. Nem percebo que se furar dói, se atropelar machuca, mas sinto sua mão apertando de leve a minha. E todos meus sentidos desaparecem para que eu possa ser você. E eu enxergo nos seus olhos, eu sinto na sua pele, eu me esquento nas minhas próprias mãos e vejo a mim mesma indo embora.
domingo, 21 de agosto de 2011
Esse texto não mereceu um título
Eu só quero um segundo antes de dar adeus. E que me lembre do céu desbotado, da explosão da cidade emudecida, da estática do encontro de mãos tão... repentina. Eu te dizia "calma, guria, longe tudo passa, tudo cicatriza, todas as estrelas parecem perfeitas lá em cima". E o tempo que se esgota, vai nos arrastando, procurando qualquer tipo de saída. Eu aceito qualquer cigarro, qualquer bebida que faça tudo andar mais devagar, fazendo tudo parecer mais bonito. Porque o som do arrepio é feito eletricidade. Não existirá escuro quando você passar. Daqui a 20 anos ainda vou lembrar do seu nome e de todas as vezes que você olhou para mim no meio da madrugada. O que acontecerá daqui pra frente é consequência do que aconteceu ali atrás. Ficaremos bem, meu amor, isso só ensina a se proteger. Não há mal algum na saudade e no desespero. Não há mal algum no amor. Agora só é diferente, mas nada disso é tão ruim assim. É como acordar um dia, tomar café da manhã, comprar uma roupa nova e esquecer de hábitos antigos. Esquecer que acordar era sentir seu corpo no meu. Tomar café da manhã era as 15:00 horas. Comprar roupas novas era vestir você. Parece triste falando assim, mas há espaço para viver ainda. Temos corações mais maduros agora, que mudam com as estações, podem se tornar mais frios, mas quando chega o verão, se enche de vontade. Ou talvez só precise de um porre. O amor é uma coisa louca e dissimulada. Te leva embora a razão e alguns pedaços da alma. Te promete que tudo ficará bem. O amor nos derruba. Eu quero mais "apesares", ou talvez eu queira inventar um texto para dizer que é fácil se levantar quando os joelhos já estão ralados de tanto tropeçar. Eu quero inventar que apesar do choro na garganta e dos dias que passam devagar demais, ainda há uma chance. Eu quero inventar que esqueci que acreditei que você acreditou e eu disse "calma, guria, tudo passa, daqui a alguns dias vou estar aí". De noite, eu quero acreditar que tudo acabou, eu quero procurar uma carta a mais, eu quero um pouco do perfume que sobrou e você nunca mais usou com medo de me respirar. (A partir desse momento um ano se passou). Uma nova vida sorriu para mim e a aceitei. Eu me levantei e mesmo com mãos sangrando e cicatrizes expostas me arrisquei a sofrer tudo de novo. E ainda penso "mas o que é o amor senão um monte de machucados?" Eu me deixo sofrer para amar mais um pouquinho. A vida agora parece um pouco mais bela e um pouco mais sádica, ainda assim morro de saudades de você. Vezenquando te mando uns sinais, umas lágrimas simpáticas de quem diz "oi, me conta um pouquinho da sua vida?", outras sento e choro mesmo. De tristeza de ver um amor indo embora. Eu só preciso de um segundo para dizer adeus. Mas como seria bom se esse segundo durasse para sempre.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Quando eu percebi que te amo
Percebo quando sorrio no meio daquela prova de física de 30 questões abertas só porque pensei em você. Quando bato a cabeça na quina da porta do carro e ainda consigo gargalhar da piada que você me conta. Quando a gente briga, mas insiste em ficar emburrada na mesma cama. Quando acordo de manhã com cara de noite passada, cheiro de cigarro velho, cabelo amassado e você ainda diz que eu sou linda. Admiramos todos os nossos defeitos e ainda conseguimos nos apaixonar. Percebo que é amor quando deito a cabeça no travesseiro e sinto a cama leve demais só pra mim. Nos minutos antes de te encontrar em que cada segundo desse relógio acompanha minha ansiedade e eu fumo uns três cigarros só pra ocupar as mãos. Só pra ter alguma coisa pra me abraçar. No meio do filme que perdi a parte mais importante só para olhar pra você. Nos dois segundos antes de dormir em que eu posso abrir os olhos e te ver tão pequenininha na metade da cama. Cama que mal cabe a gente, mas parece gigante quando você vai embora. E noites acordadas, cobertores jogados ao chão, cheiro de quarto. Madrugadas que passam tão rápido quanto ao final de semana que se estendeu até domingo de noite. Horas que viraram semanas e ainda assim parece tão pouco. O dia não suporta a saudade que eu sinto de você. Perto, longe... qualquer ausência que eu encontre. Te quero escovando os dentes no meu banheiro, trocando pernas e lençóis. Dividindo cigarros que estão acabando, discutindo hipóteses que juramos que são verdades. Brigando por ciúmes bobo, quebrando o orgulho no abraço. Eu quero você daqui a dois segundos, dois anos, dois séculos. Dois "para sempre". Meu e seu. Porque eu percebi que é amor quando, sem querer, olhei para você e me vi aí dentro. E seus olhos se tornaram verdes, seu caráter ficou irritante e, de repente, estávamos em algo que eu gosto de chamar de "sinceridade".
E eu vou vivendo, vou lembrando, vou dormindo vezenquando, mas só quando o cobertor esquenta. No meio de tanta confusão, tanto cinismo e ironia. Cadê aquela vontade de ser que eu via nos olhos? Não se provou, não se venceu, deixou assim, só por ser. Eu sei como é acordar de um sonho e permanecer em uma eterna utopia. Mas eu te cutuco e te puxo pra abrir os olhos na direção de onde o Sol nasce. Bonito, ahn? Pode ser você. A loucura dos homens, o amor excessivo das pessoas, a maldade que nos prende dentro de casa. Quem te impede de viver? Pode abrir o jornal, tomar o seu café, depois das doze não vale mais a pena. E então, pelo o que você vai lutar quando o mundo tiver acabado? Quando os amores estiverem mortos? Quando as estrelas caírem em sua direção? Vai fazer um desejo?
sábado, 6 de agosto de 2011
Posso entrar?
Então, já te vi antes? Não sei. E eu dizia "meu Deus, mas eu tou achando essa menina bonita demais pra ser normal". Abre os olhos, pequena. Não há nada tão forte no mundo que possa te impedir de acreditar. Se quiser um abraço, pode vir, vem. Eu te cuido, te prometo. Já te disse que você é linda hoje? Não chora, não, amor. Vem cá, vem? Eu te sorrio, te exploro. Deixa eu entrar? Tá frio aqui fora. Não me deixa na chuva não, tá. To aqui te precisando, sei que você me precisa também. Deixa eu olhar para esses olhos? Me dá uma paz, nem eu sei como é. Ei, já te vi antes? Eu sei. Mas eu dizia "meu Deus, mas eu tou achando essa menina bonita demais pra não ser minha". Não há nada tão forte no mundo quanto o que eu to sentindo agora. Não solta desse abraço, viu? Eu te adoro, te encontro. Deixa eu te olhar um pouco mais? Quantas pessoas já te disseram que você é linda hoje? Para de rir assim, amor. Eu te aguento, te suporto. Não me deixa sair. Tá tão quente aqui dentro. A gente se precisa de noite, de cobertor, de estrelas.
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
A segunda vez
Perigo tornar-se um só, fugitivo do amor, perdedor de palavras bonitas. Singelas não, devo dizer, mas bonitas. É preciso coragem para esquecer sentimentos que aquecem. Mas dito, o fiz. Não sou mais feliz ou mais triste agora, não sinto nada além de um certo está-tudo-bem-está-tudo-bem. Não me arrisco mais, meu coração teima em dizer não para qualquer forma de amor. Não o culpo. E torna-se ainda mais difícil encontrar-me neste mundo, onde caio pelas beiradas, onde espalho-me por estas águas. Não me vejo nunca, e assim, nunca me vendo, jamais te encontro dentro de mim. Sorte é você ver por onde não vejo. Acordo todos os dias e ainda quero viver. Agarro todos os pedaços que perdi neste caminho e te sigo. E te sinto, te confesso, te acredito, te amo.
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