quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ainsley

Eu preciso te contar uma coisa, disse ele. Ficava cada vez mais inquieto, sem conseguir olhar para frente. Eu dei o sinal, ele começou. "Eu não estava lá". Eu esperei. "Eu queria ter ido, mas fiquei em casa, lendo aquele livro que você me deu. Eu só queria dizer que... eu só queria dizer que não fui eu." Eu não as sentia, mas tinha certeza que ele encarava minhas lágrimas. "Eu sinto muito", finalizou. Eu tentei dizer algo, queria que seus olhos azuis me tranquilizassem, mas eu sentia o medo dele também. Eu sabia que Ainsley tinha estado lá, eu finalmente sabia o que havia acontecido no 13º andar.

É medo, porque só existe uma coisa que eu consigo sentir. O café me deixou nervosa. Não agitada, só nervosa. Os cigarros acabaram, eu realmente preciso sair de casa. Pegando meu sobretudo, enxergo aqueles rabiscos em cima da mesa. "Ainsley, não me deixe". É claro que eu não vou te deixar. "Eu realmente preciso de você também", foi o que eu disse, sussurrando pra mim mesma. Essas escadas espirais me deixam tonta, sinto o vento no rosto, sinto o frio cortante, vejo as luzes. Essas luzes vão me matar, essa rua está cheia demais, esses carros...

Amber... eu não sei porque você não atende esse maldito telefone... olha, aconteceu alguma coisa com a Ainsley, é melhor você vir... foram esses carros, você sabe, ela estava distraída, ela sempre está assim. Não deixe de vir, tá legal? Eles não sabem se ela vai ficar bem. Eu não sabia que ela iria errar assim, mas você a conhece, ela realmente precisa de você. É o Rowan aqui, caso você não saiba.

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