Bem, menina, eu não sei o que dizer. Você vem e me rouba as palavras, os trajetos, o sotaque insuportável, a mania de mexer no cabelo. Você me rouba a fincada no estômago, o vômito seco da cerveja mal tomada, do grito que ecoa dentro do meu corpo vazio. Você é uma ladra, mas na verdade eu mal me importo com isso. Somos todos um pouco cleptomaníacos. Assim que lhe passo a mão, a miséria do ladrão te recupera, te leva de volta pro seu lugar. Eu não posso mais tentar te reaver em meus braços, já que agora a canção não toca mais em dó e de dó eu morro por te esperar. Mas também não morra por mim, que sou só e canto baixo com medo de um outro alguém me escutar. Bem, menina, tenho medo que você me deixe partir e tenho medo de conquistar outros corações, já que só o seu me alimenta tão bem e me deixa no altar, com os batimentos nas mãos, segurando o sangue entre as veias mal cortadas, sabe, desfaça esse nosso laço ou se enlace para nunca mais soltar.
Agora que escrevo sem você, quase não me importo com o final. Você me tirou toda a noção de término do mundo, não sei mais por onde te coagir a me amar. É sim, misturastes meus parágrafos e meus refrões e me deixastes desconsolado, me diz, quem agora vai fazer a minha fama de vagabundo se não existe mais escritor para me nomear? Vem, me faz trocar os gêneros e os átomos, me transforma em um qualquer cidadão, otário, retardado, que sente fome e não consegue encontrar a solução. E vive nessa miséria, nessa troca de informações desnecessárias, que começam com cerveja e terminam com cocaína espalhada pelo chão. Você pode até ser minha ruína, mas ao menos me dê um motivo sincero para continuar. Para de história mal contada, cê sabe que é minha até que se prove o contrário. Culpada.
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