sábado, 21 de janeiro de 2012

Te seguro pela mão, amor

Você acaba se perdendo na primeira esquina. Acaba não encontrando mais o seu rosto no espelho do banheiro. Você luta contra tudo a sua volta, mas acaba tropeçando nos próprios pés. Você tenta gritar, mas não encontra a sua voz em lugar algum. Sente a luz do farol queimar o pescoço e, num giro, se vê no coração de outra pessoa. Pode tentar sobreviver em um cantinho qualquer, enrolado em um cobertor xadrez e com algumas xícaras de café. Você precisa tanto quanto eu de qualquer baque que faça o corpo arrepiar em uma mistura de frio e quente. Você prepara outra dose de amor e vira com limão e sal. Não é tão cruel assim, então coloca outro LP para tocar.

Me deixa que se você quiser eu te puxo pela mão. Te levo para conhecer do alto um mundo imaginário. E te cuido com carinho para que você não morra na praia, com flores na mão e milhares de promessas. E sopro no seu ouvido alguns segredos de castelos, para que não exista mais mistério nisso que chamam e amor. Te acordo todos os dia e disputo contigo um pedaço do lençol. E te faço cócegas que é para aliviar o medo de dormir sozinha. Não precisa me esperar chegar em casa, amor, que de longe eu te olho com um binóculo e te salvo de algum pesadelo. Pendura na sua cama esses colares que te lembram dessas coisas ruins. Eu prometo que de manhã te abraço até o sol se por.


segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Você foi embora

Eu achei que te teria para sempre. Que mesmo quando os dias ficam frios você ainda aguentaria minhas manias e minhas antipatias. Achei que eu pudesse errar inúmeras vezes e que ainda assim você viria me ver de manhã. Não me avisaram que o amor não sobrevive à tudo. Eu pensei que, de um jeito ou de outro, você nunca me deixaria. Então, eu desço as escadas e te encontro partindo. Quero pensar que tudo bem, você só vai até a padaria e volta, pra me trazer uns doces. Vai deitar comigo na varanda até ficar tão frio que os dedos adormecem. Você tem um sorriso estranho no rosto e não consegue me dizer nada. Mas eu achei que podia ser uma completa idiota que você ainda iria querer me beijar.

Penso em tudo que a gente passou até aqui. Queria que você pudesse continuar. Eu costumava ser os seus segundos mais importantes e você era a calma que eu precisava. Eu dormia tarde e você cuidava do dia de amanhã para que eu não me perdesse. Ou para que eu me perdesse somente em você. Te deixar nunca foi o melhor caminho. Fico te olhando nos olhos enquanto você está parada na porta de casa, precisando que eu diga alguma coisa. Penso em te convencer a ficar, tem um filme ótimo passando na televisão.

Eu posso escolher entre te prender em mim e te dar uma vida, mas sou egoísta demais para isso. Lembro do dia em que você me beijou pela primeira vez. Talvez você fosse minha garota, mas talvez eu nunca soube como amar. Ainda assim, não posso suportar a ideia de te ver conhecendo outros amores e se perdendo em outras paixões. Queria te abraçar, mas você começou a ficar impaciente e parece que vai desistir. Quero gritar que você não pode fazer isso comigo, mas eu quebrei seu coração e esperei que você o remendasse e voltasse para mim. E você voltou sempre que eu te pedi.

Eu te olho querendo procurar aquele nosso amor. Não consigo dizer nada. Você diz que vai embora e liga para o táxi. Eu sento nas escadas e escondo o rosto entre as mãos. Será que eu te amo? Não consigo encontrar uma resposta que me diga o que fazer. Não consigo chorar ao te ver partindo. Não consigo acreditar que eu não me casei com você. Que você não é minha para sempre. Queria te ver sorrindo mais uma vez, mas eu nem sei há quanto tempo não te faço feliz. Eu te deixo ir embora e, pela primeira vez na vida, me sinto completamente perdida. Eu me sinto como você.